quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Texto para a disciplina História da Comunicação

Já faz tempo que eu não posto aqui um texto escrito para a faculdade. Então, está aqui um escrito (em 20 minutos, então relevem “qualquer coisa”) para a disciplina História da Comunicação, do professor Júlio Lobo.

História da Comunicação – contribuições de uma disciplina fundamental

Como foi dito desde o primeiro dia de aula, é impossível estudar a História da Comunicação na sua totalidade, pois seria como “reinventar a roda”, palavras do professor. Por isso a necessidade de se fazer um recorte, a fim de fazer essa História caber na carga horária do curso. Trago essa questão à discussão nesse texto, pois considero importante ressaltar a necessidade que temos, como estudantes e pesquisadores, de realizar recortes para poder empreender os nossos estudos. Afinal, por falta de um recorte adequado é que muitos pesquisadores não conseguem dar conta da sua proposta de investigação.

No caso da disciplina, foi adotado o recorte de estudar a História da imprensa escrita no Brasil (jornais e revistas). Por opção, escolhi textos que tratavam da representação feminina. O primeiro texto estudado foi sobre a sexualidade feminina em revistas como Cláudia e Nova e o segundo texto estudado foi sobre a representação feminina em capas de revistas Veja e Istoé. Escolhi esses dois textos porque eles me deram a oportunidade de estudar esses temas que, para mim, como mulher, são importantes.

Devo confessar que nenhum dos dois me surpreendeu muito nos seus resultados. Um me apresentou mulheres que eu já conhecia: tanto a de Claudia, mais velha e mais comedida, quanto a de Nova, solteira, desprendida de tabus sexuais e profissional competente. Mas foi interessante perceber detalhes que eu desconhecia de Cláudia, por exemplo, sobre o conceito de ela ser uma revista que teria como objetivo modernizar a família brasileira, sem entretanto não esquecer de avisar as esposas da necessidade de cuidar e se submeter aos seus maridos. Quanto à Nova, apesar de haver alguma variedade de temas, a própria exposição da revista na sala deixou claro que o tema mais discutido é o sexo.

Além dessas duas revistas, o texto apresentou também reflexões sobre Caricia, a revista que dá aulas de iniciação sexual a garotas, procurando derrubar tabus e incitando a liberdade sexual. Outra revista que o texto apresentou também foi Manequim, uma revista para o mesmo público de Claúdia. Após as análises, a autora conclui que todas essas revistas femininas têm pouco a contribuir e que até as suas tentativas de dar mais liberdade à mulher não têm como ser bem sucedidas, haja vista que uma mudança de lugar da mulher na sociedade não poderá, segundo a autora, ser conquistada somente com publicações periódicas, mas demandariam iniciativas de movimentos sociais e políticos.

O segundo texto, que tratou da representação feminina nas revistas Veja e Istoé também não apresentou resultados surpreendentes, mas sim naturalmente previsíveis. É claro que ninguém começaria a leitura daquele texto esperando encontrar informações de que as mulheres são maciçamente representadas na variedade de estilos da mulher brasileira. Ao contrário, o que se pode ler é a presença ínfima da mulher se comparada à do homem. E para não dizer que não há temas em que a mulher não tem mais capas, em matérias sobre saúde e comportamento elas aparecem mais que os homens.

Entretanto, quando os temas eram política e economia, nem sinal delas. Era como se não existissem no Brasil mulheres deputadas e senadoras?! A que mais se aproximou da política foi a capa de Ruth Cardoso, que apareceu mais como esposa do candidato à presidência que como antropóloga professora da USP. E para a alegria do sexo frágil, houve a capa com Marília Gabriela, a mulher-jornalista-apresentadora da GNT. Nos esportes, onde temos, por exemplo, o voleibol nacional tão bem-sucedido, nem sinal delas. Pouco sinal delas nas capas sobre crime a justiça, o que, para o autor, foi positivo. De fato, nesse caso, ser minoria é melhor.

Os textos trabalhados foram “Sexualidade, trabalho e juventude: representação social feminina nas capas de revista Veja e Istoé” – Derval Gomes Gotzio; “A ‘nova’ moral sexual das revistas femininas” – Maria Quartim de Moraes. A leitura e apresentação desses dois textos não trouxeram novos pontos de vista, apenas reforçaram os que já tenho. Mas me muniram de mais informações para entender e discutir sobre a representação feminina na sociedade: uma representação tímida, com alguns destaques louváveis, que alcançará mais espaços quantos mais espaços a mulher conquistar na sociedade.

A disciplina História da Comunicação foi rica em conteúdo, trouxe novos dados, informações importantes para quem estuda Comunicação. Além da contribuição com conteúdo, foi positiva a explanação sobre a necessidade de escolher recortes antes de iniciar um estudo, principalmente para nós, alunos às vésperas de começar os TCCs. Além disso, ficou clara também a necessidade de continuar estudando essa História, pois, mesmo que não reinventemos a roda, será necessário continuar conhecendo a História da Comunicação a partir de outros recortes.

Um comentário:

Edgard R. De A. Neto disse...

o que seria do mundo sem pessoas como você!
=P